quarta-feira, 30 de julho de 2008

Mário Quintana, 102 anos


Há 102 anos, no dia 30 de julho de 1906, nascia em Alegrete (RS) um dos maiores poetas e jornalistas brasileiros: Mário Quintana.

Era filho de Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda Quintana. Fez as primeiras letras em sua cidade natal, mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Militar, publicando ali suas primeiras produções literárias. Trabalhou na Editora Globo, quando esta ainda era uma instituição eminentemente gaúcha, e depois na farmácia paterna.

Considerado o poeta das coisas simples e com um estilo marcado pela ironia, profundidade e perfeição técnica, trabalhou como jornalista quase que a sua vida toda. Traduziu mais de 130 obras da literatura universal, entre elas Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, Mrs. Dalloway, de Virgínia Woolf, e Palavras e sangue, de Giovani Papini.

Em 1953 trabalhou no jornal Correio do Povo (Porto Alegre). Trabalhava como colunista da página de cultura, que saía no dia de sábado, e em 1977 saiu do jornal.

Em 1940 lançou o seu primeiro livro de poesias, A rua dos cataventos, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em 1966 foi publicada a sua Antologia poética, com 60 poemas inéditos, organizada por Rubem Braga e lançada para comemorar seus 60 anos, sendo por esta razão o poeta saudado na Academia Brasileira de Letras por Manuel Bandeira, que recita o poema Quintanares, de sua autoria, em homenagem ao colega gaúcho. Em 1980 recebeu o Prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra.

Viveu grande parte da vida em hotéis, sendo o último deles o Hotel Majestic, no centro velho de Porto Alegre, que foi tombado e transformado em centro cultural e batizado como Casa de Cultura Mário Quintana, em sua homenagem, ainda em vida. Em seus últimos anos de vida, era comumente visto caminhando nas redondezas.

Em 2006, no centenário de seu nascimento, várias comemorações foram realizadas no estado do Rio Grande do Sul em sua homenagem.

Protesto contra a ABL

Mario Quintana tentou três vezes vaga à Academia Brasileira de Letras, mas em nenhuma das ocasiões foi eleito; as razões eleitorais da instituição não lhe permitiram alcançar os vinte votos necessários para ter direito a uma cadeira. Ao ser convidado a candidatar-se uma quarta vez, e mesmo com a promessa de unanimidade em torno de seu nome, o poeta recusou e escreveu seu conhecido Poeminha do contra:

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho
Eles passarão...
Eu passarinho!


OBRA DO AUTOR


Poesia
  • A Rua dos Cataventos - Porto Alegre, Editora do Globo, 1940
  • Canções - Porto Alegre, Editora do Globo, 1946
  • Sapato florido - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948
  • O aprendiz de feiticeiro - Porto Alegre, Editora Fronteira, 1950
  • Espelho mágico - Porto Alegre, Editora do Globo, 1951
  • Inéditos e esparsos - Alegrete, Cadernos do Extremo Sul, 1953
  • Poesias - Porto Alegre, Editora do Globo, 1962
  • Caderno H - Porto Alegre, Editora do Globo, 1973
  • Apontamentos de história sobrenatural - Porto Alegre, Editora do Globo / Instituto Estadual do Livro, 1976
  • Quintanares- Porto Alegre, Editora do Globo, 1976
  • A vaca e o hipogrifo - Porto Alegre, Garatuja, 1977
  • Esconderijos do tempo - Porto Alegre, L&PM, 1980
  • Baú de espantos - Porto Alegre - Editora do Globo, 1986
  • Preparativos de viagem - Rio de Janeiro - Editora Globo, 1987
  • Da preguiça como método de trabalho - Rio de Janeiro, Editora Globo, 1987
  • Porta giratória - São Paulo, Editora Globo, 1988
  • A cor do invisível - São Paulo, Editora Globo, 1989
  • Velório sem defunto - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1990
  • Água - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 2001
Livros infantis
  • O batalhão das letras - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948
  • Pé de pilão - Petrópolis, Editora Vozes, 1968
  • Lili inventa o mundo - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1983
  • Nariz de vidro - São Paulo, Editora Moderna, 1984
  • O sapo amarelo - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1984
  • Sapato furado - São Paulo, FTD Editora, 1994
Antologias
  • Antologia poética - Rio de Janeiro, Ed. do Autor, 1966
  • Prosa & verso - Porto Alegre, Editora do Globo, 1978
  • Chew me up Slowly (Caderno H) - Porto Alegre, Editora do Globo / Riocell, 1978
  • Na volta da esquina - Porto Alegre, L&PM, 1979
  • Objetos perdidos y otros poemas - Buenos Aires, Calicanto, 1979
  • Nova antologia poética - Rio de Janeiro, Codecri, 1981
  • Literatura comentada - Editora Abril, Seleção e Organização Regina Zilberman, 1982
  • Os melhores poemas de Mário Quintana (seleção e introdução de Fausto Cunha)- São Paulo, Editora Global, 1983
  • Primavera cruza o rio - Porto Alegre, Editora do Globo, 1985
  • 80 anos de poesia - São Paulo, Editora Globo, 1986
  • Trinta poemas - Porto Alegre, Coordenação do Livro e Literatura da SMC, 1990
  • Ora bolas - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 1994
  • Antologia poética - Porto Alegre, L&PM, 1997
  • Mario Quintana, poesia completa - Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2005

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